por Renato Epifânio (Este texto representa apenas o ponto de vista do autor, não da PASC, nem das associações que a compõem).
É extraordinário que mesmo algumas vozes assumidamente “federalistas” reajam com tanta indignação com a perspectiva de mais “perda de soberania”.
O debate em torno do federalismo europeu é um excelente exemplo disso. Grande parte da nossa classe mediática (ou seja, da nossa classe política e jornalística) assume-se, cada vez mais, como “federalista”. O argumentário, qual mantra, é sempre o mesmo: “só o federalismo pode salvar a Europa e Portugal”.
Não vamos agora discutir essa posição – já por várias vezes defendemos que, mesmo admitindo que o federalismo fosse desejável, ele não é de todo possível.
Mas para quem ainda a alimenta, exige-se o mínimo de coerência. Não se pode defender ao mesmo tempo o federalismo e ser contra as consequências necessárias de todo o processo federalista. Há, decerto, muitos modelos – mas não há nenhum em que não ocorra “perda de soberania”. Por mais que se deseje sol na eira e chuva no nabal, não há milagres. É pois tempo de falarmos de forma clara e consequente. Até porque esse eventual passo só será possível com um Referendo: o tal Referendo sobre a Europa tantas vezes prometido.
Tem evidentemente razão. Contudo, a Alemanha não diz que o federalismo será imediato e muito menos que todos os países da UE devam ser “federalizados” em simultâneo. O que parece é que o início do processo está em marcha. Eu sinto-me nacionalista universalista e não abrirei mão do meu sonho: há um Portugal arquétipo que existirá sempre na minha mente, independentemente do que politicamente se venha a instituir-se. Desconheço se há espaço para ele no federalismo porque é absolutamente verdade que o assunto não é debatido e portanto não se sabe no que é que “a coisa” consiste. Certo é que a minha visão do país, da Europa e do mundo estará sempre viva no meu “metro quadrado de intervenção”.
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