Yuval Harari
no Financial Times de 20 de Março e no Jornal Público de 22 de Março de 2020

Deixo aqui também extratos da entrevista a Yuval Harari da responsabilidade do jornalista Pedro Rios no jornal Público a 22/03/2020, igualmente obre a crise do Coronavírus, intitulada “Parece não haver adultos na sala”
PR: O que o assusta neste momento:
YH: “Uma coisa que realmente me assusta é que, em nome do combate ao coronavírus, vários homens fortes abolirão todos os controlos e equilíbrios democráticos e estabelecerão a “coronaditadura”. Isto acaba de acontecer em Israel: Israel é agora uma coronaditadura”
PR: Qual a esperança?
YH: “.Os humanos são agora muito mais poderosos do que os vírus. Temos o conhecimento científico necessário para superar esta epidemia”.
PR: Uma epidemia ou pandemia é uma coisa terrível, mas pode mostrar-nos a nossa natureza humana?
YH: “A epidemia deve lembrar-nos de que todos nós partilhamos a mesma natureza humana e os mesmos interesses básicos… a fronteira realmente importante que precisamos de guardar é a fronteira entre o mundo humano e a esfera do vírus. Esta fronteira passa dentro do corpo de cada ser humano.”.
PR: A luta contra o Coronavírus é prejudicada pelas agendas nacionais?
YH: “Infelizmente, devido à falta de liderança, não estamos a tirar o máximo partido da nossa capacidade de cooperação. Nos últimos anos, políticos irresponsáveis têm deliberadamente minado a confiança na ciência e na cooperação internacional. Estamos agora a pagar o preço por isso”.
PR: Existe um perigo real de os políticos usarem esta crise para fechar fronteiras e aumentar a polarização e a xenofobia, uma tendência que já vinha de trás? Ou, pelo contrário, irá a pandemia fomentar os laços e a solidariedade entre os países?
YH: “Depende de nós. Espero sinceramente que a pandemia fomente a solidariedade, não só entre os países, mas também dentro dos países. Infelizmente, nos últimos anos, assistimos à ascensão de líderes populistas, como Donald Trump e Jair Bolsonaro, que incitam ao ódio não só contra os estrangeiros, mas até mesmo contra concidadãos. Estes líderes têm feito tudo ao seu alcance para dividir a sociedade em campos hostis, retratando a oposição não como rivais legítimos, mas sim como traidores perigosos. Desta forma, ganharam a lealdade de uma metade da sociedade, ao mesmo tempo que alienaram completamente a outra”.
Harari acaba a entrevista com a seguinte frase:
YH: “Uma população automotivada e bem informada é geralmente muito mais poderosa e eficaz do que uma população policiada e ignorante”.
Vejam o resto no jornal Público e guardem o jornal, pois vale a pena…